Sobre financiamento coletivo

fevereiro 14, 2018 Helô Righetto 0 Comentários


A Renata escreveu sobre a experiência dela fazendo uma campanha de financiamento coletivo (a nossa, é claro), e me inspirou a escrever sobre isso também.

Ao contrário da Rê, eu já tinha um pouco de experiência no assunto. Não apenas como consumidora -já apoiei diversas campanhas assim, como por exemplo a dos meus amigos que abriram um restaurante aqui em Londres e das meninas que criaram um app para ajudar vítimas de violência doméstica no Brasil - mas também como realizadora. No fim de 2016 eu ajudei a criar e coordenar a primeira campanha de financiamento coletivo da LAWA (a ONG onde trabalhei como voluntária por um ano e meio - saí recentemente porque preciso focar no mestrado).

Então quando não conseguimos ganhar o financiamento para o qual nos candidatamos através do Fundo Elas de Investimento, eu propus para a Renata que a gente fizesse nosso projeto - Intercâmbio Feminista - acontecer mesmo assim. Vamos fazer um financiamento coletivo? Ela topou. O bom de fazer algo assim com outra pessoa é que a gente se questionava o tempo todo. A Rê me fez mil perguntas que achava que seriam feitas pelas pessoas que seguem nosso trabalho. E só quando conseguimos responder todas é que nos sentimos seguras para colocar a campanha no ar.

A escolha da plataforma foi fácil: a Benfeitoria era a que mais se aproximava da nossa propostas, pois além de ser uma instituição sem fins lucrativos também nos dá a opção de escolher quanto da nossa arrecadação vamos doar para eles (podíamos não doar nada, mas optamos por 6%). Apesar de alguns poucos pesares (achamos que faltou apoio nas redes sociais), a plataforma em si é ótima, e eles nos deram muito suporte na hora de construir a página.



Depois das recompensas criadas e da página montada, a campanha foi pro ar. E nos 2 meses seguintes eu e a Renata (e a minha mãe) passamos boa parte dos nossos dias atualizando a bendita página. Logo nos primeiros dias de campanha conseguimos arrecadar mais de 20% da meta, o que a Benfeitoria vê como um dos melhores indicadores de que o projeto será bem sucedido. Isso foi maravilhoso, perceber que as pessoas realmente acreditam no que a gente faz. Sim, amigas, colegas e pessoas completamente desconhecidas estavam nos dando seu rico dinheirinho para que a gente viabilizasse um projeto feminista. Não é sensacional?

Claro que há altos e baixos, e quando passavam 3 ou 4 dias sem nenhuma colaboração, as dúvidas surgiam novamente. Lá íamos nós mobilizar os contatos pelas redes sociais (minha, dela e da Conexão Feminista). Pedir ajuda não é fácil, ainda mais quando essa ajuda significa dinheiro. E algo ainda mais inesperado aconteceu: comecei a receber mensagens (tanto de conhecidos como de desconhecidos) de pessoas que queriam explicar a razão de não poder ajudar financeiramente. Isso foi algo estranho: por um lado me senti orgulhosa de ter criado uma comunidade tão engajada a ponto de sentir que nos devia esse apoio financeiro, por outro fiquei arrasada de pensar que estava pressionando quem nos prestigia.

Teve gente que compartilhou com seus próprios contatos, gente que doou mais de uma vez (sim! e mais de uma pessoa), gente que mandou mensagem após a campanha ter encerrado querendo mandar dinheiro pelo paypal (eu aceitei, e aliás ainda aceito caso alguém tenha perdido o prazo), gente que nos mandava mensagens falando que estavam tão ansiosas nas horas finais como nós estávamos. Foi incrível.

Como vocês sabem, nós não apenas alcançamos a meta mínima, como a superamos. Já estamos trabalhando pra fazer as engrenagens desse projeto funcionarem, e ainda temos muito trabalho pela frente. Mas sabendo que temos mais de 170 pessoas que acreditam nos nossos ideais, o que vem por aí fica muito mais fácil.

Ah, se você quiser ajudar a gente, aceitamos doações através do paypal. Basta usar esse link aqui.

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